01 novembro 2006

Trick or Treat

Comida italiana, sangria fresquíssima e uma boa conversa entre amigas, deram o mote para uma noite no mínimo assustadora, muito ao espírito de Halloween.
Após o jantar, um café, um copo com amigos, e até aqui uma noite igual a tantas outras, excepto alguns grupos de miúdos nas ruas mascarados, e armados com balões de água como se fossem granadas e estivéssemos em plena guerra. Mas quem é que se esqueceu de avisar os mais novos, que na noite de 31 de Outubro se festeja o Halloween (ainda que debilitadamente plagiado aos E.U.A.), e jamais o Carnaval? Se continuarem a esconder informações às novas gerações, daqui a pouco teremos ovos da Páscoa e amêndoas no Natal, e bolo-rei nas férias de Verão!
3 Horas mais tarde, uma saída até á discoteca local, uma entrada engraçada com direito a partidas “halloweenescas” , e uma judiaria a um figurino que se encontrava dentro de um caixão, como se de um morto se tratasse, mas que por motivos de força maior (um apertão no nariz e umas cócegas) foi obrigado a ressuscitar à nossa irrequieta passagem.
Começou então, uma noite um pouco surreal e algo aterrorizadora, e não me refiro aos characters que desfilavam descoordenadamente nem á fraca decoração temática, mas sim aos simples mortais como nós.
Na pista exterior, qual doninha fedorenta saída de um filme de animação para crianças (daquelas que se consegue mesmo ver o odor que exalam de tão intenso que é), lá estava ele…premiado com o Óscar de mais mal cheiroso da noite, e que a pouco e pouco ia afastando quem estava ao seu redor ou passava acidentalmente (bem sei que os aromas variam consoante as pessoas, e há os pouco afortunados nesse campo, contudo alguma higiene diária e um bom desodorizante, não deveria ser condição sine qua non para aparições em público? O cheiro dos cigarros é sem dúvida desagradável, apesar de ser fumadora convicta admito-o, e o perfume de umas axilas ordinariamente nauseabundas, não será igual ou pior? Talvez não fosse má ideia aproveitar a dica da proibição de fumar e anexar uma proibição de mal cheirar em locais públicos, pela saúde de todos nós…)
Um pouco mais adiante, elas, as misses, as cabeleireiras, as pop stars, as femmes fatales, envergando mini saias curtas q.b. ou calças justíssimas (se possível um ou dois números abaixo do recomendável), tops de renda, de lycra baratucha ou cetim (sempre muito decotados), botas de salto alto e fino qual imitação rasca e falhada de pretty woman, na face uma maquilhagem teatral, e a cereja do bolo, o cabelo, como não poderia deixar de ser, adornado com umas quantas extensões “da moda” (será que todas estas donzelas pertencem a um grupo secreto que só tem em casa os 4 canais nacionais? E jornais? Revistas? Já ouviram falar? Espero pelo menos que estejam familiarizadas com o conceito…)
Ao lado, os homens (ou imitações), esses verdadeiros machos latinos que alternam entre a versão Zézé Camarinha e a versão gym man, estes últimos exibindo as suas t-shirts apertadíssimas que parecem ter vida própria e nos sussurrar aos ouvidos quando passamos qualquer coisa como: “Oh sim! Eu ando no ginásio, levanto mais de 50 kilos em cada braço, e tomo 100 tipos de vitaminas diferentes, todas naturais (as if…). Não estás a ver os meus músculos? Se não se notarem para a próxima trago uma blusa do meu irmão mais novo que por sinal tem 6 anos, e se tentar respirar c ela vestida, fico despido”.
No interior da disco, tocam os mesmo cd’s de sempre, espanholada, brasileirada, foleirada! Confesso que existe por ai muito boa música latina e brasileira, que não levam os tímpanos à beira de um suicídio e são dançáveis, o problema não é a cultura musical, é mesmo a falta de fundos ou de gosto, e a preguiça de comprar cd’s actuais. O ambiente, semelhante ao exterior, divergindo apenas na intensidade da luz e num acréscimo de suor e umas gotas de divorciadas famintas.
Eis senão quando, surgem duas figuras bastante conhecidas da nossa praça, Mr.Gay de seu apelido e a polémica Roberta Close (estupidamente alta, e com umas maçãs no rosto de fazer inveja a qualquer mulher! O melhor amigo do homem é o cão, mas de algumas mulheres, é sem dúvida o botox).
Se não fosse noite de Halloween, e não estivesse num local com uma flora e fauna tão diversificada, poderia começar a ficar preocupada com estes estranhos comportamentos que se manifestam em volta dos imunes aos vírus do “cromo” e da “croma pseudo fashion”…
Trick or Treat? Spooky!