23 dezembro 2008

Natal para todos os gostos


Comemora-se mais um aniversário do nascimento de Jesus, o Pai Natal inicia mais uma louca corrida em contra relógio, e apela-se novamente à multiplicação do já tão entranhado vírus do consumismo natalício.
Ostentam-se presépios, adornam-se igrejas, ruas, becos, e vielas, e gasta-se uma monumental quantia de dinheiro público em iluminação. Ah e não nos podemos esquecer dos típicos Pais Natais plásticos pendurados nas varandas dos mais exibicionistas.
Alguns pequenotes colocam cuidadosamente as bolachas e o leite ao lado da árvore de Natal, não vá o velhote das barbas brancas chegar com fome. Outros mais atrevidos abrem gavetas, armários, espreitam todos os locais suspeitos, onde os pais pudessem ter escondido os tão desejados presentes.
Os mais graúdos ganham asas, desdobram-se em mil e voam em massa para os shoppings e comércio tradicional, comprando tudo o que lhes salta à vista. Lembranças para a família mais chegada, para a mais afastada e até para aquela parte da família que desconhecem, depois para os amigos, para os não tão amigos, para o cão, para o gato e até para o canário, pois o derradeiro objectivo é comprar, comprar e mais comprar. E ai de quem se atreva a cruzar o caminho dos mais nervosos…Tudo isto, numa época de alegada crise financeira. Se medíssemos os níveis de adrenalina dos christmas shoppers atrevo-me a dizer que seriam superior aos dos adeptos de grandes Derbys, a única diferença é que no primeiro caso ainda não se usam very lights.
Há ainda uma outra interpretação de Natal, escondida sob todas as outras aparências, e a minha favorita. Um Natal de memórias de infância, de sorrisos familiares e longas conversas, do som da lenha a crepitar na lareira, das manhãs frias e noites geladas, dos aromas inconfundíveis das doces azevias e do bacalhau salgado, e sobretudo do aconchego e carinho daqueles que estão ou já estiveram ao nosso lado.
A todos eles, presentes e ausentes, desejo um Natal recheado de Felicidade, Alegria, Sorrisos, Quentes Recordações, Saborosas Comidas e Pessoas Amigas.

18 setembro 2008

Hoje


Hoje senti uma vontade imensa de escrever, escrever sobre tudo e sobre nada, riscar e rabiscar, emendar e apagar.
Escrever sobre os planetas das tristezas e alegrias, ilusões e desenganos, sonhos quentes e realidades frias.
Passar para o papel apontamentos sobre mim, sobre ti, sobre nós.
Hoje, este pequeno projecto foi adiado, talvez porque as páginas em branco sejam afinal mais do que as desejadas…

01 setembro 2008

Fazer 30 anos


Um texto simples, mas elucidativo do que é o "suposto terror" de entrar nos 30...aos que já abriram a porta dessa mágica escadaria, como eu, e aos que vão um dia ter o prazer de a abrir...


“…QUATRO pessoas, num mesmo dia, dizem-me que vão fazer 30 anos. E anunciam isto com uma certa gravidade. Nenhuma está a dizer: vou tomar um café na esquina, ou: vou ali comprar um jornal. Na verdade estão a proclamar: vou fazer 30 anos e, por favor, prestem atenção, quero cumplicidade, porque estou no limiar de alguma coisa grave.Antes dos 30 as coisas são diferentes. Claro que há algumas datas significativas, mas fazer 7, 14, 18 ou 21 é ir numa escalada montanha acima, enquanto fazer 30 anos é chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar.Fazer 40, 50 ou 60 é um outro ritual, uma outra crónica, e um dia eu chego lá. Mas fazer 30 anos é mais que um rito de passagem, é um rito de iniciação, um acto realmente inaugural. Talvez haja quem faça 30 anos aos 25, outros aos 45, e alguns, nunca. Sei que há gente que não fará jamais 30 anos. Não há como obrigá-los. Não sabem o que perdem os que não querem celebrar os 30 anos. Fazer 30 anos é coisa fina, é começar a provar do néctar dos deuses e descobrir que sabor tem a eternidade. O paladar, o tacto, o olfacto, a visão e todos os sentidos estão a começar a tirar prazeres indizíveis das coisas. Até os 30, dizia um amigo, a gente vai emitindo promissórias. A partir daí é hora de começar a pagar. Mas também se poderia dizer: até essa idade fez-se o aprendizado básico. Cumpriu-se o longo ciclo escolar, que parecia interminável, já se foi do primário ao doutorado. A profissão já deve ter sido escolhida. Já se teve a primeira mesa de trabalho, escritório ou negócio. Já se casou a primeira vez, já se teve o primeiro filho. A vida já se inaugurou em fraldas, fotos, festas, viagens, todo tipo de viagens, até das drogas já retornou quem tinha que retornar. Quando alguém faz 30 anos, não creiam que seja uma coisa fácil. Não é simplesmente, como num jogo de amarelinha, pular da casa dos 29 para a dos 30 saltitantemente. Fazer 30 anos é cair numa epifania. Fazer 30 anos é como ir à Europa pela primeira vez. Fazer 30 anos é como o mineiro vê pela primeira vez o mar. Um dia eu fiz 30 anos. Estava ali no estrangeiro, estranho em toda a estranheza do ser, à beira-mar, na Califórnia. Era um homem e seus trinta anos. Mais que isto: um homem e seus trinta amos. Um homem e seus trinta corpos, como os anéis de um tronco, cheio de eus e nós, arborizado, arborizando, ao sol e a sós.Na verdade, fazer 30 anos não é para qualquer um. Fazer 30 anos é, de repente, descobrir-se no tempo. Antes, vive-se no espaço. Viver no espaço é mais fácil e deslizante. É mais corporal e objectivo. Pode-se patinar e esquiar amplamente. Mas fazer 30 anos é como sair do espaço e penetrar no tempo. E penetrar no tempo é mister de grande responsabilidade. É descobrir outra dimensão além dos dedos da mão. É como se algo mais denso se tivesse criado sob a couraça da casca. Algo, no entanto, mais ténue que uma membrana. Algo como um centro, às vezes móvel, é verdade, mas um centro de dor colorido. Algo mais que uma nebulosa, algo assim pulsante que se entreabrisse em sementes.Aos 30 já se aprendeu os limites da ilha, já se sabe de onde sopram os tufões e, como o náufrago que se salva, é hora de se auto cartografar. Já se sabe que um tempo em nós destila, que no tempo nos deslocamos, que no tempo a gente se dilui e se dilema. Fazer 30 anos é como uma pedra que já não precisa exibir preciosidade, porque já não cabe em preços. É como a ave que canta, não para se denunciar, senão para amanhecer.Fazer 30 anos é passar da recta à curva. Fazer 30 anos é passar da quantidade à qualidade. Fazer 30 anos é passar do espaço ao tempo. É quando se operam maravilhas como a um cego em Jericó. Fazer 30 anos é mais do que chegar ao primeiro grande patamar. É mais que poder olhar para trás. Chegar aos 30 é hora de se abismar. Por isto é necessário ter asas, e sobre o abismo voar…”.

"A mulher Madura” de Affonso Romano de Sant’Anna


06 agosto 2008

Mais longe...

Quando o sábio aponta para a Lua, o idiota olha para o dedo.
(Provérbio Chinês)
Com a lua, uma imensidão de estrelas, só mesmo o idiota se dedica a olhar para o dedo. Depois admira-se que o mundo avançe e ele fique estático no mesmo preciso lugar onde estava há seculos atrás a contemplar o dedo.Há quem diga que é a ausência de lentes adequadas para ter uma boa visão ao longe, quanto a mim, o cerne da questão não está na qualidade das lentes, mas sim se os olhos querem ou não ver mais longe...

30 junho 2008

Sonolências

Há dias em que uma melancolia avassaladora nos enche a alma e nos transforma em cépticos adormecidos e somos enleados numa irritante rede de sentimentos nostálgicos. Saudades do passado, alguma tristeza do presente e o desejo de um futuro risonho e possivelmente utópico. São momentos como este que nos levam bem dentro daquilo que somos, ou que pensamos ser. São sonolências como estas que nos obrigam a partir numa alucinante viagem dentro de nós, descobrindo trilhos nunca dantes percorridos, atalhos recônditos, que apenas a mais ousada introspecção ousaria explorar.
São em dormências como estas que desvendamos pequenos segredos por vezes forçosamente anestesiados.
Instantes imprevistos? Sem dúvida! São como a chuva…por mais que tentemos prevê-la, nunca temos o guarda-chuva quando começa a chuviscar.
Conjunturas desconfortavelmente necessárias? Seguramente! São igualmente como a chuva, por vezes aborrecida, peganhenta e irritante, mas imprescindível.
E de acordo com a sabedoria dos avós e gerações anteriores a estes…depois da tempestade, vem a bonança! E ainda que eu não siga à regra, a sabedoria popular há coisas sobre as quais não ouso duvidar!

17 junho 2008

Gosto / Não gosto

Gosto de dormir. Gosto de acordar e ficar a preguiçar.
Gosto de rir e de sorrir. Gosto de pessoas simples, inteligentes e bem-humoradas. Não gosto de pessoas mal-humoradas, ou excessivamente simpáticas.
Gosto de conversas demoradas e interessantes. Não gosto de mentes pequeninas.
Gosto de evoluir. Gosto de trabalhar.
Gosto de aprender a gostar do que dizia que não gostava antes de experimentar (com algumas excepções). Não gosto de traições nem de mentiras.
Não gosto de hipocrisias e falsidades. Gosto de pessoas transparentes. Não gosto de pessoas cinzentas.
Gosto do sol, do por do sol e da calma agitação da noite. Gosto da praia, do campo, da cidade e de esplanadas.
Gosto que tenham maneiras à mesa. Não gosto que comam de boca aberta nem de pratos cheios, como se fossem imitações rascas da Torre de Pisa. Gosto de ser bem atendida, e não gosto de empregados que não sabem servir e tão pouco respeitem os clientes.
Não gosto que cuspam no chão, limpem os ouvidos ou cocem as partes íntimas, se for em público pior ainda.
Não gosto que digam “prontos” nem “há-des”, para quem não sabe, tal tentativa de palavra não existe, e Hades era um Deus grego do Inferno.
Gosto de sushi e de cozido à portuguesa. Não gosto de caldo verde, borrego ou cebolas.
Gosto de chocolates. Gosto de vinho tinto.
Gosto da minha família. Gosto dos meus amigos. Gosto da minha afilhada.
Gosto de cães e de gatos. Gosto da Cuca. Não gosto que maltratem os animais
Não gosto de rastejantes nem das picadas de mosquitos.
Gosto de Bossa Nova, Reggae, Surf music, Jazz, música portuguesa, e muitas mais. Não gosto de música pimba.
Gosto de livros, de ler e de escrever. Gosto de filmes e das séries da Fox. Gosto de telejornais. Não gosto da pseudo informação da TVI, nem da desinformação do Correio da Manhã.
Gosto do Toppo Gigio e dos Marretas. Gosto de Bombocas. Gosto de Lisboa e de Alcochete. Não gosto da pronúncia do Norte. Gosto de relógios. Gosto de galochas e de havaianas. Gosto de fotografia e de publicidade antiga. Gosto de decoração de interiores. Gosto de viagens e de conhecer culturas diferentes. Gosto de dar e de receber presentes. Gosto de mimos.
Gosto de me conhecer cada vez melhor. Gosto de mim. Gosto de quem gosta de mim, e dos outros…vou aprendendo a gostar, ou não.

08 junho 2008

Fondue de Chocolate

Ontem...
Comi uma sobremesa que me soube aos doces momentos que passámos juntos, e me transportou para tempos a dois.
Ontem, durante algum tempo, morangos, uvas, laranjas, cerejas e chocolate quente, foram muito mais que frutas, foram um flash de mim e de ti, foram risos e sorrisos, cumplicidade, confiança, segurança, amor, e mais um sem número de sentimentos açucarados e embebidos em prazer.
Ontem, o fondue de chocolate soube-me a nós...ao que fomos e ao que desejávamos ser.
Ontem...inesperadamente saboreei-te, e tu não estavas lá.
Ontem o gosto achocolatado triunfou sobre a mente e, fez-me notar com estranheza que naquele instante senti saudades tuas...

06 junho 2008

É Proibido

"É proibido chorar sem aprender
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer
Abandonar tudo por medo
Não transformar sonhos em realidade

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas
Fingir que elas não te importam
Ser gentil só para que se lembrem de você
Esquecer aqueles que gostam de você

É proibido não fazer as coisas por si mesmo
Não crer em Deus e fazer seu destino
Ter medo da vida e de seus compromissos
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram
Esquecer seu passado e apagá-lo com seu presente

É proibido não tentar compreender as pessoas
Pensar que as vidas delas valem mais que a sua
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte

É proibido não criar sua história
Deixar de dar graças a Deus por sua vida
Não ter um momento para quem necessita de você
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira

É proibido não buscar a felicidade
Não viver sua vida com uma atitude positiva
Não pensar que podemos ser melhores

Não sentir que sem você este mundo não seria igual."


(Pablo Neruda / Alfredo Cuervo Barrero)



25 março 2008

Recomeçar

“Não importa onde você parou... em que momento da vida você cansou... o que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar".
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo... é renovar as esperanças na vida e o mais importante... acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período? foi aprendizado...
Chorou muito? foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas? foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes? é porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido? era o início da tua melhora...
Pois é...agora é hora de reiniciar...de pensar na luz... de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um corte de cabelo arrojado...diferente?
Um novo curso...ou aquele velho desejo de aprender a pintar...desenhar...dominar o computador... ou qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio...quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.
Tá se sentindo sozinho? besteira...tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza... nem nós mesmos nos suportamos... ficamos horríveis...
o mal humor vai comendo nosso fígado... até a boca fica amarga.

Recomeçar...hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar? ir alto...sonhe alto... queira o melhor do melhor... queira coisas boas para a vida... pensando assim trazemos pra nós aquilo que desejamos... se pensamos pequeno... coisas pequenas teremos... já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor... o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental... joga fora tudo que te prende ao passado... ao mundinho
de coisas tristes... fotos...peças de roupa, papel de bala...ingressos de cinema, bilhetes de viagens... e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados... jogue tudo fora... mas principalmente... esvazie seu coração...
fique pronto para a vida... para um novo amor... Lembre-se somos apaixonáveis... somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes... afinal de contas... Nós somos o "Amor"...
" Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura."
Carlos Drummond de Andrade "Recomeçar"
Dedicado aos que tiveram a coragem de recomeçar, aos que temem fazê-lo, aos que ainda que a pouco e pouco já iniciaram esta caminhada, e aos que nos remetem e acompanham neste delicioso recomeço...

19 março 2008

Desperdícios

Carlos Drummond de Andrade diria que: " Cada vez me convenço mais que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."
Eu não poderia concordar mais, se bem que em alguns momentos da vida todos temos uma têndencia quase que irresístivel de nos esquivarmos dos outros e sobretudo de nós próprios...desperdícios supostamente necessários por vezes!

16 março 2008

Telefonema


"Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe se estava em casa.
Foi então que deu pelo facto. Realmente tinha morrido havia já dezassete dias.
Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade. "
Mário Henrique Leiria
Contos do Gin-Tónic

No meio do caminho tinha uma pedra

"No meio do caminho tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"

Carlos Drummond de Andrade
Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo...

10 março 2008

Porque...

Porque a vida é curta e simples, e o ser humano complicado e longe de evidências
Porque a mágoa nos deturpa a visão
Porque os medos devem ser enfrentados e as incertezas esclarecidas
Porque me sinto e me compreendo
Porque me respeito
Porque não sou perfeita
Porque sou única em todo o meu ser
Porque descobri que há coisas pelas quais devemos lutar
Porque gostei de ti
Porque gostaste de mim
Porque tenho consiciência do que fui, do que sou, e do que poderei ser
Porque só chegamos ao nosso destino quando sabemos que o caminho que escolhemos é, não o mais cómodo e simples, mas o que embora tenha alguns percalços, é o mais genuíno
Porque não podemos terminar um capítulo sem conhecer os sonhos e aspirações das personagens
Porque agora sei que o único desfecho possível para este capítulo é o que está a ser escrito
Porque o final de um capítulo não é sinónimo de que o livro terminou, apenas nos remete para o capítulo seguinte
Porque estou tranquilamente consciente de que este é o momento de virar a página, dou as boas vindas às páginas ainda em branco, que num futuro próximo se alegrarão com vivas histórias e contagiantes aventuras!
Porque nas folhas que hoje se fecham, nada mais havia para contar...

Desistir

Desisto
"Desisto de ti porque até o amor tem limites, tem um fim anunciado, mesmo quando não acaba.Desisto de ti com a mesma força com que amei e por isso tenho a alma rota, o coração guardado numa caixa, com fotos, cartas e outras coisas ridículas. E aqui estou eu. E é como se fosse invisível esta dor insuportável que me aperta o peito e me fixa o olhar como se estivesse drogada, dopada e incapaz de ser mais do que esta representação de mim mesma.
Desisti de ti e comuniquei-o a todo o meu corpo. Disse à minha pele que esquecesse a tua, o teu perfume afinal nunca existiu e os meus ouvidos nunca reconheceram os teus passos na escada. Mas apenas a minha cabeça compreende perfeitamente esta decisão. O resto de mim foi-se embora e não sei quando voltará, porque leva tempo a habituarmo-nos à tua ausência, a mim e ao meu corpo e à minha alma.
Quanta gente sentirá o mesmo? O amor é sempre igual, mesmo quando é diferente. A urgência do outro, do corpo do outro, da voz e sei lá que mais, tudo é igual em quem ama. Por isso a separação também é idêntica. E neste preciso momento uma boa parte da humanidade tem estes olhos vazios, este amargo na boca e aperto no estômago. É engraçado saber-me acompanhada por desconhecidos. É engraçado e irónico que entre essa multidão não estejas tu..."
Luisa Castel-Branco

04 março 2008

Hoje queria...

Hoje queria não sentir este vazio que teima em persistir
hoje queria chorar de alegria, ao invés de sorrir com tristeza e saudade, em conversas animadas
hoje queria abraçar-te e poder respirar o cheiro do teu perfume.

Hoje queria que o tempo disparasse e quebrasse as fronteiras entre o presente e o futuro, e me levasse para além do pensar
hoje queria sentir que éramos apenas um.

Hoje queria tudo isto, e talvez mais qualquer coisa, mas o que na verdade hoje tenho ou sinto, isso daria para escrever outras tantas palavras.

Porque hoje queria que estivesses aqui, só que hoje...hoje, só me restam o baú das memórias e a gaveta dos sonhos perdidos.

Ausência

Como definir a ausência? A suposta falta que sentimos daquela pessoa tão especial no nosso dia a dia?O espaço deixado a nosso lado? Quando queremos partilhar uma alegria, uma tristeza, um segredo, ou até mesmo um simples "gossip" com alguém que já não está connosco?Será a sensação de ausência um complexo estado de alma, ou um mero pretexto que a nossa (in)consciência desenvolveu para nos deixar ocupados?Melhor que nínguem, Carlos Drummond de Andrade, descreve a ausência com palavras sensatas que nos fazem reflectir.

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."


Carlos Drummond de Andrade

29 fevereiro 2008

(Not) More than words

She wrote:

"I've got a crush on you, sweetie pie
All the day and night-time give me sigh
I never had the least notion that
I could fall with so much emotion"

And he wrote her back:

"I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart, that youre really a part of me
I've got you under my skin"


And suddenly all that cosy and emotional words, become just empty words with no meaning...
Someone said: Sad?! It happens!
And the young man responded: Is that and shit! Shit happens!

27 fevereiro 2008

E depois do adeus...

"Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós."

Paulo de Carvalho

E depois do adeus?!

20 fevereiro 2008

Raízes

"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."
Pablo Neruda

Se as raízes não tivessem apanhado uma crise (mas uma crise daquelas semelhantes a uma camada de sarna) talvez ainda florescêssemos juntos...Quidsapit?!
Quando passar a comichão, haverá novamente esperança para as tenras raízes!


Pensar vs sentir

"Metade dos nossos erros na vida nascem do facto de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir." Como diria Fernando Pessa: E esta heim?!
J.Collins

18 fevereiro 2008

Ain't no sunshine when he's gone

"Ain't no sunshine when he's gone
It's not warm when he's away
Ain't no sunshine when he's gone
And he's always gone too long anytime he goes away

Wonder this time where he's gone,
Wonder if he's gone to stay
Ain't no sunshine when he's gone
And this house just ain't no home anytime he goes away

And I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know

Hey, I ought to leave the young thing alone,
But ain't no sunshine when he's gone, only darkness everyday.
Ain't no sunshine when he's gone,
And this house just ain't no home anytime he goes away.

Anytime he goes away… "

Bill Withers que me desculpe a "piquena" adulteração de géneros, mas era necessária...


22 janeiro 2008

Entra e fecha a porta

Queres entrar?
Desejas fechar a porta, ou deixá-la simplesmente entreaberta para que possas observar ao longe o que ficou para trás?
Se queres entrar, então entra, mas não te esqueças de fechar a porta.
Entra como se fosses um ruído desinquieto ou um brando silêncio, entra a correr como se da velocidade das tuas pernas dependesse a tua vida, ou com uma passada tão serena como o entardecer de veraneio. Acomoda as memórias de outros tempos na gaveta das coisas que passaram, deixa as histórias de outrora para os historiadores, e aos fantasmas que teimam em regressar conta-lhes unicamente como queres ser feliz agora e deixa-os voltar ao seu universo.
Esta pequena casa, foi feita apenas para dois…se queres entrar,entra, mas fecha a porta.