30 junho 2008

Sonolências

Há dias em que uma melancolia avassaladora nos enche a alma e nos transforma em cépticos adormecidos e somos enleados numa irritante rede de sentimentos nostálgicos. Saudades do passado, alguma tristeza do presente e o desejo de um futuro risonho e possivelmente utópico. São momentos como este que nos levam bem dentro daquilo que somos, ou que pensamos ser. São sonolências como estas que nos obrigam a partir numa alucinante viagem dentro de nós, descobrindo trilhos nunca dantes percorridos, atalhos recônditos, que apenas a mais ousada introspecção ousaria explorar.
São em dormências como estas que desvendamos pequenos segredos por vezes forçosamente anestesiados.
Instantes imprevistos? Sem dúvida! São como a chuva…por mais que tentemos prevê-la, nunca temos o guarda-chuva quando começa a chuviscar.
Conjunturas desconfortavelmente necessárias? Seguramente! São igualmente como a chuva, por vezes aborrecida, peganhenta e irritante, mas imprescindível.
E de acordo com a sabedoria dos avós e gerações anteriores a estes…depois da tempestade, vem a bonança! E ainda que eu não siga à regra, a sabedoria popular há coisas sobre as quais não ouso duvidar!

17 junho 2008

Gosto / Não gosto

Gosto de dormir. Gosto de acordar e ficar a preguiçar.
Gosto de rir e de sorrir. Gosto de pessoas simples, inteligentes e bem-humoradas. Não gosto de pessoas mal-humoradas, ou excessivamente simpáticas.
Gosto de conversas demoradas e interessantes. Não gosto de mentes pequeninas.
Gosto de evoluir. Gosto de trabalhar.
Gosto de aprender a gostar do que dizia que não gostava antes de experimentar (com algumas excepções). Não gosto de traições nem de mentiras.
Não gosto de hipocrisias e falsidades. Gosto de pessoas transparentes. Não gosto de pessoas cinzentas.
Gosto do sol, do por do sol e da calma agitação da noite. Gosto da praia, do campo, da cidade e de esplanadas.
Gosto que tenham maneiras à mesa. Não gosto que comam de boca aberta nem de pratos cheios, como se fossem imitações rascas da Torre de Pisa. Gosto de ser bem atendida, e não gosto de empregados que não sabem servir e tão pouco respeitem os clientes.
Não gosto que cuspam no chão, limpem os ouvidos ou cocem as partes íntimas, se for em público pior ainda.
Não gosto que digam “prontos” nem “há-des”, para quem não sabe, tal tentativa de palavra não existe, e Hades era um Deus grego do Inferno.
Gosto de sushi e de cozido à portuguesa. Não gosto de caldo verde, borrego ou cebolas.
Gosto de chocolates. Gosto de vinho tinto.
Gosto da minha família. Gosto dos meus amigos. Gosto da minha afilhada.
Gosto de cães e de gatos. Gosto da Cuca. Não gosto que maltratem os animais
Não gosto de rastejantes nem das picadas de mosquitos.
Gosto de Bossa Nova, Reggae, Surf music, Jazz, música portuguesa, e muitas mais. Não gosto de música pimba.
Gosto de livros, de ler e de escrever. Gosto de filmes e das séries da Fox. Gosto de telejornais. Não gosto da pseudo informação da TVI, nem da desinformação do Correio da Manhã.
Gosto do Toppo Gigio e dos Marretas. Gosto de Bombocas. Gosto de Lisboa e de Alcochete. Não gosto da pronúncia do Norte. Gosto de relógios. Gosto de galochas e de havaianas. Gosto de fotografia e de publicidade antiga. Gosto de decoração de interiores. Gosto de viagens e de conhecer culturas diferentes. Gosto de dar e de receber presentes. Gosto de mimos.
Gosto de me conhecer cada vez melhor. Gosto de mim. Gosto de quem gosta de mim, e dos outros…vou aprendendo a gostar, ou não.

08 junho 2008

Fondue de Chocolate

Ontem...
Comi uma sobremesa que me soube aos doces momentos que passámos juntos, e me transportou para tempos a dois.
Ontem, durante algum tempo, morangos, uvas, laranjas, cerejas e chocolate quente, foram muito mais que frutas, foram um flash de mim e de ti, foram risos e sorrisos, cumplicidade, confiança, segurança, amor, e mais um sem número de sentimentos açucarados e embebidos em prazer.
Ontem, o fondue de chocolate soube-me a nós...ao que fomos e ao que desejávamos ser.
Ontem...inesperadamente saboreei-te, e tu não estavas lá.
Ontem o gosto achocolatado triunfou sobre a mente e, fez-me notar com estranheza que naquele instante senti saudades tuas...

06 junho 2008

É Proibido

"É proibido chorar sem aprender
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer
Abandonar tudo por medo
Não transformar sonhos em realidade

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas
Fingir que elas não te importam
Ser gentil só para que se lembrem de você
Esquecer aqueles que gostam de você

É proibido não fazer as coisas por si mesmo
Não crer em Deus e fazer seu destino
Ter medo da vida e de seus compromissos
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram
Esquecer seu passado e apagá-lo com seu presente

É proibido não tentar compreender as pessoas
Pensar que as vidas delas valem mais que a sua
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte

É proibido não criar sua história
Deixar de dar graças a Deus por sua vida
Não ter um momento para quem necessita de você
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira

É proibido não buscar a felicidade
Não viver sua vida com uma atitude positiva
Não pensar que podemos ser melhores

Não sentir que sem você este mundo não seria igual."


(Pablo Neruda / Alfredo Cuervo Barrero)